sábado, 20 de fevereiro de 2010

Um pandeiro como Habeas Corpus...

Esta história mostra um pouco da perseguição que os pioneiros do samba sofriam.

João da Baiana costumava andar com seu pandeiro, mostrando seus sambas pelo Rio de Janeiro e muitas vezes era detido, tinha seu instrumento confiscado e/ou quebrado pela polícia.

Certa vez, o músico foi convidado para tocar em uma festa na casa do poderoso Senador Pinheiro Machado, expoente político da época, e não compareceu.

Dias depois, o Senador quis saber o motivo da ausência e João da Baiana explicou que havia sido preso na Festa da Penha sob a única acusação de estar portando um pandeiro. Pinheiro Machado encomendou então um pandeiro novo para presentear o sambista com a seguinte dedicatória: a minha admiração João da Baiana- Senador Pinheiro Machado.

A partir daí, toda vez que João da Baiana era abordado pela polícia, mostrava o pandeiro assinado e, coincidência ou não, nunca mais foi incomodado.

O jornalista Sérgio Cabral conta em depoimento registrado no DVD comemorativo dos 40 anos de carreira de Beth Carvalho outra história que ilustra a relação entre a polícia e os pioneiros do samba. Quem contou-lhe a história foi Donga.

O sambista relatou que toda vez que um homem, geralmente negro, era detido pela polícia por vadiagem uma das primeiras providências tomadas era verificar se o homem possuía calos nas pontas dos dedos. Em caso afirmativo, concluía-se que o preso tocava violão. E aí, nas palavras de Donga, “era pior do que ser comunista”.

Abaixo, fotos dos grandes João da Baiana e Donga:


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