terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O sambista de calçada e o Clube do Samba

João Nogueira gostava de ser chamado de “sambista de calçada” para se diferenciar dos bambas oriundos do morro.

O compositor nasceu em 12 de novembro de 1941 e, desde cedo, teve contato com mestres da MPB como Pixinguinha, João da Baiana e Donga. Seu pai, além de advogado, era também violonista e conhecido Chorão. João contava com orgulho que o pai chegou a tocar até com Noel Rosa.

Antes de se dedicar exclusivamente ao samba, trabalhou como vendedor, vitrinista e na Caixa Econômica Federal.

Começou a compor no Bloco Labaredas do Méier, que desfilou em vários carnavais com sambas de sua autoria. Em 1970, teve seu primeiro samba gravado (Corrente de Aço) por Elisete Cardoso. Seu principal parceiro é Paulo César Pinheiro e a principal intérprete de suas composições, Clara Nunes.

Integrou a Ala de Compositores da Portela durante muitos anos e, mais tarde, juntou-se ao grupo de dissidentes que fundou a Escola de Samba Tradição.

Em 1979, como reação à invasão da discoteca e da música internacional, fundou o Clube do Samba, reunindo compositores, músicos, jornalistas e amantes da música brasileira. O clube realizava pagodes no quintal da casa de João Nogueira no Méier, bailes na sede do Flamengo e um bloco de carnaval. O bloco desfila até hoje na Avenida Rio Branco.

João gravou um total de 18 discos e morreu de enfarto no ano 2000.

Abaixo, vídeos históricos: a inauguração do Clube do Samba e o dia em que o Clube homenageou o mestre Cartola.


domingo, 9 de janeiro de 2011

Stanislaw, Haroldo e a Divina

Muitas pessoas creditam a Sérgio Porto, o famoso Stanislaw Ponte Preta, a criação do apelido “a Divina” para a cantora Elisete Cardoso. Além dele, o poeta Vinícius de Moraes já se auto-intitulou criador da alcunha.

Na verdade foi o ator principal da peça Orfeu da Conceição, de Tom e Vinícius, Haroldo Costa o primeiro a chamar Elisete de “Divina”.

Haroldo, além de ator, compositor e produtor cultural era muito amigo de Elisete e de Sérgio Porto. Era tão amigo de Sérgio Porto que, quando o cronista precisou viajar, pediu a Haroldo que escrevesse pra ele a coluna assinada por Stanilaw Ponte Preta no jornal Última Hora.

Durante o período em que escreveu a coluna, Haroldo Costa teve o cuidado de imitar muito bem o estilo de Sérgio Porto para que os leitores não percebessem a troca de redatores.

Enquanto escrevia a coluna, Haroldo recebeu a notícia da vitoriosa temporada de shows que Elisete Cardoso vinha realizando na boate Oásis em São Paulo. Ficou tão feliz com o êxito da amiga que resolveu inventar e publicar na coluna de Stanislaw que o sucesso fora tão grande que um grupo de pessoas apareceu na boate portando uma grande faixa com os dizeres “Elisete, a Divina”.

Estava então criada, no ano de 1956, a alcunha pela qual a cantora passou a ser conhecida até o final de sua vida. Apenas sete anos depois foi que Elisete Cardoso, restabeleceu a verdade quanto ao verdadeiro criador do apelido e, a partir daí, sempre que a pergunta era feita em alguma entrevista, Elisete respondia que o criador do apelido foi “Haroldo Costa, um crioulo muito bonito e meu grande amigo”.

No vídeo, Elizete Cardoso canta um de seus grandes sucessos "Naquela mesa", música escrita por Sérgio Bittencourt em homenagem ao pai, Jacob do Bandolim.