Nelson Cavaquinho é um dos compositores mais importantes da história da MPB, sua poesia carregada de melancolia, produziu sambas imortais. Dor, ceticismo, morte e saudade são temas recorrentes em suas composições.
Para conseguir algum dinheiro, vendeu muitos de seus sambas. Teve muitos parceiros musicais, porém encontrou em Guilherme de Brito sua mais importante e definitiva parceria. São de Guilherme, por exemplo, os lindos e clássicos versos de "A flor e o espinho" que dizem: "Tire o seu sorriso do caminho/ que eu quero passar com a minha dor".
Nelson era um boêmio convicto, que nasceu no Rio de Janeiro em 1911. Conforme o sambista relata no programa MPB Especial seu pai alterou sua data de nascimento para 1910 com o objetivo de que Nelson entrasse para a polícia militar. Já na corporação, sua função era patrulhar os botecos dos morros cariocas, tarefa que cumpria com muito gosto, pois passava suas noites bebendo e conversando com os freqüentadores desses bares. Foi assim que o policial entrou, de uma vez por todas, para mundo do samba, ficando amigo dos sambistas Zé da Zilda, Cartola e Carlos Cachaça e virando freqüentador assíduo do Morro da Mangueira.
O então policial, costumava amarrar seu cavalo ao pé do morro e subir para passar as noites nas rodas de samba. Um dia, ao descer, não encontrou mais seu cavalo que havia se soltado e voltado sozinho para o quartel. Em 1938, finalmente, percebeu a incompatibilidade entre suas duas rotinas, pediu baixa da corporação e passou a viver apenas do samba. Além da polícia também tentou outras ocupações como bombeiro hidráulico e jogador de futebol.
Um fato curioso é que Nelson tinha o hábito de dedilhar o instrumento que o batizou utilizando apenas dois dedos. Já mais velho, substituiu em suas apresentações, o cavaquinho pelo violão.
Um pequeno vídeo, disponível no YouTube, onde Nelson canta Vou Partir.