sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Como nasce um samba: As rosas não falam

A História de uma das músicas mais conhecidas e bonitas do mestre Cartola começa, curiosamente, fora do Brasil, em um encontro entre dois brasileiros na Alemanha.

Nuno Veloso, amigo e parceiro de Cartola, encontrou o violonista Baden Powell e combinou uma visita quando ambos voltassem ao Brasil. O encontro ocorreria na casa de Baden na Barra da Tijuca.

De volta ao Brasil, Nuno procurou Cartola e Dona Zica para que o casal o acompanhasse na visita ao famoso violonista. Os três rodaram por horas e não conseguiram encontrar a casa de Baden Powell.

Para desculpar-se do fiasco e fazer um agrado à Zica, Nuno passou por uma floricultura e comprou-lhe umas mudas de roseira.

As mudas foram plantadas no jardim da casa de Cartola e Zica e, tempos depois, Zica ficou surpresa com a quantidade de rosas desabrochadas, perguntando à Cartola:

- Cartola, vem ver! Por que é que nasceu tanta rosa assim?

- Não sei Zica, as rosas não falam.

Cartola ficou com a frase na cabeça, pegou o violão e a canção nasceu inteira.

Tal fato aconteceu às vésperas do mestre completar 67 anos. Cartola disse que “As rosas não falam” foi o presente que deu a si mesmo naquele ano.

Em seguida, a música em sua versão original, lançada no segundo disco de Cartola. Leiam também a biografia escrita por Marília Barboza da Silva e Arthur de Oliveira Filho.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Monarco da Portela

“Se eu for falar do poeta, hoje eu não vou terminar...”

Parafraseando o próprio homenageado, assim terminava o samba de 2005 da Unidos do Jacarezinho cujo enredo enaltecia o compositor Monarco.

Lembro com carinho de lotarmos um ônibus para torcer pelo samba enredo composto pelos então companheiros de roda de samba Barbeirinho do Jacarezinho e Baianinho do Pandeiro (Gilson Bernini também está na parceria), que saiu vitorioso na grande final e foi cantado na avenida naquele ano.

Há muito a falar de Hildemar Diniz, que recebeu o apelido de Monarco ainda menino, aos seis anos de idade.

Nasceu em Cavalcante e foi criado em Oswaldo Cruz (Berço da Azul e Branco), onde desde muito cedo foi seduzido pelas rodas de samba que lá ocorriam. Ainda em Cavalcante, Monarco ouvia falar de Paulo da Portela e seus sambas e quando se mudou quis logo saber onde ficava a Portela.

Aos 11 anos, começou a compor sambas para blocos do subúrbio. Faz parte da ala de compositores da Portela desde 1950, tendo como padrinho e grande incentivador o compositor Alcides Malandro Histórico, um de seus principais parceiros. (Um parênteses: a curiosa alcunha, Malandro Histórico, deve-se à espetacular memória de Alcides para recuperar histórias e sambas dos bambas do passado.) Atuou também como Diretor de Harmonia da Escola.

Monarco estudou até o terceiro ano primário e trabalhou como feirante, contínuo e guardador de carros.

Na década de 60, saiu da Portela e foi para a Unidos do Jacarezinho. Lá, ficou alguns anos, compôs alguns sambas e voltou para sua Portela onde está até hoje.

Além de compositor e cantor, toca cavaquinho e percussão.

Monarco é hoje figura de destaque e líder da Velha Guarda da Portela, posição que assumiu após o falecimento de Manacéia. Seus sambas fizeram e fazem sucesso na voz de cantores como Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Martinho da Vila e Zeca Pagodinho. Sérgio Cabral já o chamou de historiador do samba por citar histórias e personagens da Portela e de outras Escolas em suas composições. Sua voz grave é uma de suas marcas registradas.

Em 2004 foi lançada sua biografia pela série Perfis do Rio, escrita por Henrique Cazes. Em 2005, foi enredo da G.R.E.S. Unidos do Jacarezinho e ganhou a medalha Pedro Ernesto, homenagem concedida pela câmara de vereadores do Rio de Janeiro.

Monarco é pai de Mauro Diniz (grande arranjador e um dos principais cavaquinistas do Brasil) e Marquinhos Diniz (integrante do Trio Calafrio e autor de vários sucessos) e avô de Juliana Diniz (atriz e cantora).

São de sua autoria: Lenço, Tudo menos amor, O quitandeiro, Passado de Glória, Coração em desalinho, Vai vadiar, entre muitas outras.

Monarco e a Velha Guarda da Portela emdocumentário da TV Japonesa (1998)


Velha Guarda da Portela em DVD de Zeca Pagodinho cantando sucesso de Monarco (2006).