terça-feira, 29 de novembro de 2011

Nelson Sargento: um sambista de vários talentos


Nelson Sargento é, sem dúvida, um dos maiores sambistas ainda vivos e um dos baluartes da Estação Primeira de Mangueira.

Nelson passou a morar em Mangueira ainda criança. Foi criado por Alfredo Português, figura notória e respeitada no morro. Logo de cara, o ainda rapaz, passou a andar e aprender coisas do samba e da vida com os bambas. Cartola, Nelson Cavaquinho, Aloísio Dias e Carlos Cachaça eram companhias constantes nas noites de samba e boemia. O "sobrenome" Sargento é herança dos tempos de Exército.

Sua fantástica memória ajuda a preservar histórias, tradições e sambas antigos e ainda inéditos da Verde e Rosa. Foi membro da ala de compositores da Escola e compôs sambas de enredo inesquecíveis como “Vale do São Francisco” em 1948 e o antológico “Cântico à natureza” de 1955, considerado um dos mais belos de todos os tempos.

Nos anos 60, participou ativamente das rodas de samba do Zicartola, do espetáculo Rosa de Ouro e foi integrante dos conjuntos A voz do morro e Os cinco crioulos.

Além de sambista e autor de vários clássicos do gênero, Nelson Sargento é renomado pintor, tendo realizado diversas exposições de seus quadros de estilo primitivo. Artista de múltiplos talentos, também fez participações como ator na TV e em filmes.


domingo, 20 de novembro de 2011

O Jogo de Caipira e o Partido-Alto

Em vários sambas e partidos tradicionais há citações sobre o Jogo de Caipira, mas pouca gente sabe do que se trata o tal jogo e que ele possui profunda relação com os fundamentos do Partido-alto.
O Jogo de Caipira nada mais é do que um simples jogo de azar amplamente praticado nos morros e subúrbios cariocas e em outras regiões brasileiras no século passado.  Trata-se de um jogo de dados atirados sobre um tabuleiro com seis casas numeradas. Os jogadores fazem suas apostas, tentando adivinhar a casa onde o dado irá cair. Quem comanda o jogo é o banqueiro, a quem cabe à função de atirar os dados.
A ligação com o Partido-alto está exatamente na função do banqueiro que, ao atirar os dados sobre o tabuleiro, o faz declamando letras (ou lérias, como diziam os antigos), refrãos e frases ritmadas baseadas no folclore e no dia-a-dia das camadas populares.
Um bom exemplo de samba que fala do Caipira está no primeiro disco de Zeca Pagodinho, lançado em 1986. Samba de Nei Lopes e Sereno que resgata o clima dos versos cantados pelo banqueiro e demais participantes do jogo.
PS- Barra Mansa está no samba (!), remetendo à tradição da cultura popular do Vale do Paraíba, mas isso ainda será assunto de outros posts.

domingo, 9 de outubro de 2011

O Trio Mocotó e o Samba Rock

O Trio Mocotó nasceu em São Paulo no ano de 1968, mais precisamente na mítica Boate Jogral. Seus integrantes eram contratados da boate para atuar como banda de apoio dos artistas que lá se apresentavam.

Pelo palco da badalada boate paulistana passaram artistas como Clementina de Jesus, Nelson Cavaquinho, Paulo Vanzolini e até, pasmem, artistas internacionais do quilate de Dizzie Gillespie e Duke Ellington.

Uma das canjas mais freqüentes na boate acabou resultando numa clássica parceria da MPB. De tanto tocar com Trio na Boate Jogral, Jorge Ben acabou fazendo deles sua banda oficial. A formação original Fritz Escovão, Nereu Gargalo e João Parayba gravou com Jorge Ben os antológicos discos: Jorge Ben (1969), Força Bruta (1970) e Jorge on Stage (live in Japan) de 1971.

O nome, Trio Mocotó, vem de uma gíria da época e é resultado da popularização da minissaia, que deixava à mostra o mocotó das meninas.

Da discografia da banda, merecem destaque: Muita Zorra! Ou são coisas que glorificam a sensibilidade atual, de 1971, onde está o hit Coqueiro Verde; Trio Mocotó, de 1973 e Samba Rock, lançado em 2001. O disco de 2001, lançado em banca de jornal, marcou a volta do Trio em sua formação original e mostrou que eles estavam em plena forma.

Abaixo, um especial da TV Cultura, gravado em 1971, e o clipe de Voltei Amor, do disco de 2001.



quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sobre Herivelto, Dalva e cabelos brancos

Herivelto Martins foi um grande compositor, uma liderança na luta pelos direitos da classe artística e uma personalidade controversa. Seu relacionamento turbulento com Dalva de Oliveira, uma das maiores estrelas da MPB de todos os tempos, deu origem a inúmeros escândalos e era sempre um prato cheio para a imprensa da época.

Esse relacionamento foi narrado em detalhes em um belo e emocionante livro, escrito pelo filho do casal Pery Ribeiro, chamado Minhas duas estrelas: uma vida com meus pais Dalva de Oliveira e Herivelto Martins, Editora Globo.

Um de seus maiores sucessos foi composto em São Paulo num momento em que Herivelto já havia se separado de Dalva. O compositor passava uma temporada no bairro do Jabaquara, hospedado na casa do irmão, por conta da participação em um filme rodado na capital paulista.

Numa tarde em que fazia compras em uma quitanda próxima à casa do irmão, percebeu que duas senhoras falavam muito mal de sua ex-mulher Dalva de Oliveira. A situação o deixou muito magoado pensando que as duas senhoras estavam falando, pois haviam notado sua presença. Herivelto então, pensou em pedir que as duas parassem e respeitassem sua presença, que respeitassem ao menos seus cabelos brancos. Ao voltar para casa, fez toda a primeira parte da música. A curiosidade contada pelo próprio compositor era que àquela altura ainda não possuía nenhum fio de cabelo branco.

Retornando ao Rio mostrou a “primeira” que havia composto para o amigo e parceiro de composição Marino Pinto. Finalizaram a segunda parte juntos, após visitarem vários bares durante uma noite de boemia. Estava pronto mais um clássico da MPB: cabelos brancos. Uma das muitas músicas que Herivelto Martins fez para seu grande amor Dalva de Oliveira.

Abaixo, link da excelente interpretação de Cabelos Brancos pelo conjunto vocal Quatro Ases e um Coringa, gravada em 1951.

sábado, 25 de junho de 2011

Como nasce um samba: "Eu heim, Rosa!"

João Nogueira e Paulo César Pinheiro eram grandes amigos, no samba e na vida. Houve uma época em que João começou a insistir para Paulo compor com ele um samba nos moldes dos que Paulo fazia com Baden Powell. Um samba cheio de malandragem, nas palavras de João Nogueira: “um samba de esculachar mulher que larga homem”, no estilo de “Vou deitar e rolar (Quaquaraquaquá) ” e “Falei e disse”.

Quem explica essa linhagem de samba é o próprio Paulo César Pinheiro: “esse tipo de samba é pra uma linha melódica determinada, não cabe em qualquer melodia, se não souber fazer fica vulgar. Mesmo esculhambando a madame, tem que ser fino e elegante. Tem que usar palavras incorporadas à fala criativa do malandro. A gíria tem que ser antiga, já incorporada ao Português. Se usar gíria nova, corre o riso de ficar datado se a gíria não pegar.”

João sempre tocava no assunto e vivia repetindo uma expressão que seria utilizada no samba “Eu heim, Rosa!”, mas mostrar música que é bom nada.

Certa segunda-feira, João vai até São Cristovão buscar Paulo César para uma noitada de samba no Teatro Opinião. Lá pelas tantas, Paulo resolve provocar o amigo dizendo que achava que João tinha perdido a inspiração, que estava muito devagar, pois já não conseguia fazer um simples samba.

Bastou à provocação para João Nogueira virar bicho e mandar Paulo ligar “a porra do gravador” que sempre levava consigo. João saiu cantando sem parar, o que passava em sua cabeça. A melodia do samba ficou pronta inteira, em minutos. Paulo nunca havia visto nada tão rápido.

Semanas depois, já com a letra pronta, Paulo César Pinheiro foi mostrar o resultado para João Nogueira. João não se lembrava de nenhuma frase que tinha feito e achou que era gozação. Paulo teve que mostrar a fita gravada para um estupefato João que, ao chegar ao final da audição, arrematou bem ao seu estilo: “Eu heim, Rosa!”

Segue o samba, um dos sucessos da dupla João Nogueira e Paulo César Pinheiro:



terça-feira, 19 de abril de 2011

O Poeta da Vila e sua declaração de amor ao Estácio

Noel Rosa sempre foi um grande admirador dos bambas do Estácio e do jeito de fazer samba criado naquela região. É possível perceber claramente a influência do estilo de sambistas como Bide e Marçal na obra do Poeta da Vila Isabel.

Certa feita, Noel pôde traduzir em música sua admiração pelo samba e pelos sambistas do Estácio. Em 1935 estava sendo produzida no Rio uma peça de teatro em que várias vedetes cantariam músicas em homenagem aos bairros da cidade. A Revista se chamava Rio Folis.

A vedete Ema D’Ávila, recém chegada ao Rio vinda de Porto Alegre, era a encarregada de cantar o quadro em homenagem ao Estácio, contudo ainda não tinha a canção.

Aí entra Noel que, sendo grande fã da turma do Estácio, prontificou-se a compor o samba de um dia para o outro. No dia seguinte e na hora marcada, Noel Rosa chega ao teatro com seu violão e vai pedindo desculpas, pois a canção não estava “grande coisa” já que havia sido feita às pressas. Desnecessário dizer que o samba é mais uma das obras primas do gênio de Vila Isabel.

Curioso é que, uma semana depois em um bilhar, Noel Rosa encontrou Aracy de Almeida, famosa por ser uma das principais intérpretes da obra do compositor, que lhe pediu uma samba inédito para gravar. Noel então escreveu num papel a letra de “O X do Problema”. Aracy gravou e passou toda sua carreira achando erradamente que a canção fora composta para ela, porém “O X do Problema” nada mais é que o samba composto para a peça acima citada.

No vídeo, Roberta Sá interpretando mais uma obra prima de Noel Rosa.


quinta-feira, 31 de março de 2011

As polêmicas do "compositor" Noite Ilustrada

O cantor Noite Ilustrada nasceu Mário Sousa Marques Filho em Pirapetinga, no dia 10 de abril de 1928. Seu nome artítico foi dado pelo comediante Zé Trindade, que comandava em Além Paraíba- MG a revista musical Noite Ilustrada, onde o jovem Mário começou tocando violão.

Além de violonista e intérprete renomado, Noite foi autor de alguns sambas e é exatamente seu lado compositor que o envolveu em algumas polêmicas durante sua carreira. Duas delas, envolvendo os dois maiores compositores do samba paulista, motivaram o texto de hoje.

A primeira polêmica envolveu Noite Ilustrada, Adoniran Barbosa e a música “Bom dia tristeza” (parceria de Adoniram e Vinícius de Moraes). Parceria intermediada e, depois de pronta, gravada com sucesso pela cantora Aracy de Almeida em 1957. Anos mais tarde, o cantor espalhou ser ele o verdadeiro autor da música. Noite Ilustrada afirmava que o próprio Adoniran havia pedido para compor a melodia para a letra de Vinícius e que ficou surpreso ao ver seu nome limado da parceria no disco de Aracy. Adoniran nunca polemizou nem se deu ao trabalho de responder as acusações. Certa feita, um programa de rádio que recebia o cantor, telefonou e colocou Adoniran no ar para falar sobre as acusações. O compositor, elegantemente, apenas declarou: “deixa isso pra lá”. Todos que conviveram com Adoniram Barbosa sequer cogitaram a possibilidade do compositor ter roubado a autoria de um samba.

A segunda envolveu Noite Ilustrada, seu maior sucesso e o grande Paulo Vanzolini. De acordo com Paulo, o cantor chegou a afirmar em um programa na Rádio Bandeirantes que era o verdadeiro autor de “Volta por cima”, enorme sucesso desde 1963 na voz de Noite. Para seu azar, dessa vez, o locutor do programa era o radialista Henrique Lobo, primo de Vanzolini, que acompanhou a composição da música e desmentiu a “revelação” no ar, durante o programa. Em 2002, ao regravar sua obra na caixa “Acerto de contas” pela Biscoito Fino, Vanzolini deixou de fora o mais famoso intérprete de “Volta por cima” e declarou sobre Noite Ilustrada: “Mário é um ótimo cantor, mas um tremendo de um mau-caráter.”

No vídeo, Noite ilustrada e seu maior sucesso, a famosa interpretação do samba de Paulo Vanzolini.

domingo, 20 de março de 2011

Como nasce um samba: Portela na avenida


Pedido de esposa não se nega e foi assim que esse clássico do samba nasceu. Clara Nunes, então esposa de Paulo César Pinheiro, encomendou ao marido um samba em homenagem a sua escola de coração.

Todos os membros da ala de compositores da Portela já haviam feito seu samba homenageando a agremiação. Acontece que depois de 1970, quando Paulinho da Viola compôs o hino “Foi um rio que passou em minha vida” a tarefa ficou difícil. Dez anos já haviam se passado sem que nenhum samba no mesmo nível fosse criado.

O mangueirense Paulo César Pinheiro aceitou a missão de criar um novo samba exaltando a azul e branco de Osvaldo Cruz. O compositor convidou o amigo Mauro Duarte para a parceria que se empolgou com a idéia e trouxe o primeiro esboço da música.

Dias se passavam e nada da inspiração chegar e fazer nascer o samba, P.C. Pinheiro estava prestes a desistir e deixar a composição pra depois.

Foi aí que, numa manhã em casa, Paulo se pôs a olhar para o cantinho de Clara, onde havia um altar que misturava os orixás do candomblé e os santos católicos. No centro, em destaque, havia uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

Nesse momento, o compositor conta, tudo ficou claro, o que ele vinha buscando estava ali. A mistura do sagrado e do profano seria a tônica da música. O manto azul da santa era a escola e seus componentes entrando na avenida, a procissão do samba, a águia (símbolo da escola) seria a a pomba do Espírito Santo e o altar a Apoteose para onde se dirigiam os fiéis.

Paulo César Pinheiro atendeu o desejo de sua mulher e criou mais um clássico falando da Portela, sucesso absoluto na voz de Clara Nunes.

“Portela na Avenida” ao lado de “Foi um rio que passou em minha vida” são as duas músicas mais bonitas que exaltam a azul e branco. São os dois sambas utilizados para esquentar a escola na avenida antes do desfile oficial.


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Como nasce um samba: As rosas não falam

A História de uma das músicas mais conhecidas e bonitas do mestre Cartola começa, curiosamente, fora do Brasil, em um encontro entre dois brasileiros na Alemanha.

Nuno Veloso, amigo e parceiro de Cartola, encontrou o violonista Baden Powell e combinou uma visita quando ambos voltassem ao Brasil. O encontro ocorreria na casa de Baden na Barra da Tijuca.

De volta ao Brasil, Nuno procurou Cartola e Dona Zica para que o casal o acompanhasse na visita ao famoso violonista. Os três rodaram por horas e não conseguiram encontrar a casa de Baden Powell.

Para desculpar-se do fiasco e fazer um agrado à Zica, Nuno passou por uma floricultura e comprou-lhe umas mudas de roseira.

As mudas foram plantadas no jardim da casa de Cartola e Zica e, tempos depois, Zica ficou surpresa com a quantidade de rosas desabrochadas, perguntando à Cartola:

- Cartola, vem ver! Por que é que nasceu tanta rosa assim?

- Não sei Zica, as rosas não falam.

Cartola ficou com a frase na cabeça, pegou o violão e a canção nasceu inteira.

Tal fato aconteceu às vésperas do mestre completar 67 anos. Cartola disse que “As rosas não falam” foi o presente que deu a si mesmo naquele ano.

Em seguida, a música em sua versão original, lançada no segundo disco de Cartola. Leiam também a biografia escrita por Marília Barboza da Silva e Arthur de Oliveira Filho.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Monarco da Portela

“Se eu for falar do poeta, hoje eu não vou terminar...”

Parafraseando o próprio homenageado, assim terminava o samba de 2005 da Unidos do Jacarezinho cujo enredo enaltecia o compositor Monarco.

Lembro com carinho de lotarmos um ônibus para torcer pelo samba enredo composto pelos então companheiros de roda de samba Barbeirinho do Jacarezinho e Baianinho do Pandeiro (Gilson Bernini também está na parceria), que saiu vitorioso na grande final e foi cantado na avenida naquele ano.

Há muito a falar de Hildemar Diniz, que recebeu o apelido de Monarco ainda menino, aos seis anos de idade.

Nasceu em Cavalcante e foi criado em Oswaldo Cruz (Berço da Azul e Branco), onde desde muito cedo foi seduzido pelas rodas de samba que lá ocorriam. Ainda em Cavalcante, Monarco ouvia falar de Paulo da Portela e seus sambas e quando se mudou quis logo saber onde ficava a Portela.

Aos 11 anos, começou a compor sambas para blocos do subúrbio. Faz parte da ala de compositores da Portela desde 1950, tendo como padrinho e grande incentivador o compositor Alcides Malandro Histórico, um de seus principais parceiros. (Um parênteses: a curiosa alcunha, Malandro Histórico, deve-se à espetacular memória de Alcides para recuperar histórias e sambas dos bambas do passado.) Atuou também como Diretor de Harmonia da Escola.

Monarco estudou até o terceiro ano primário e trabalhou como feirante, contínuo e guardador de carros.

Na década de 60, saiu da Portela e foi para a Unidos do Jacarezinho. Lá, ficou alguns anos, compôs alguns sambas e voltou para sua Portela onde está até hoje.

Além de compositor e cantor, toca cavaquinho e percussão.

Monarco é hoje figura de destaque e líder da Velha Guarda da Portela, posição que assumiu após o falecimento de Manacéia. Seus sambas fizeram e fazem sucesso na voz de cantores como Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Martinho da Vila e Zeca Pagodinho. Sérgio Cabral já o chamou de historiador do samba por citar histórias e personagens da Portela e de outras Escolas em suas composições. Sua voz grave é uma de suas marcas registradas.

Em 2004 foi lançada sua biografia pela série Perfis do Rio, escrita por Henrique Cazes. Em 2005, foi enredo da G.R.E.S. Unidos do Jacarezinho e ganhou a medalha Pedro Ernesto, homenagem concedida pela câmara de vereadores do Rio de Janeiro.

Monarco é pai de Mauro Diniz (grande arranjador e um dos principais cavaquinistas do Brasil) e Marquinhos Diniz (integrante do Trio Calafrio e autor de vários sucessos) e avô de Juliana Diniz (atriz e cantora).

São de sua autoria: Lenço, Tudo menos amor, O quitandeiro, Passado de Glória, Coração em desalinho, Vai vadiar, entre muitas outras.

Monarco e a Velha Guarda da Portela emdocumentário da TV Japonesa (1998)


Velha Guarda da Portela em DVD de Zeca Pagodinho cantando sucesso de Monarco (2006).

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O sambista de calçada e o Clube do Samba

João Nogueira gostava de ser chamado de “sambista de calçada” para se diferenciar dos bambas oriundos do morro.

O compositor nasceu em 12 de novembro de 1941 e, desde cedo, teve contato com mestres da MPB como Pixinguinha, João da Baiana e Donga. Seu pai, além de advogado, era também violonista e conhecido Chorão. João contava com orgulho que o pai chegou a tocar até com Noel Rosa.

Antes de se dedicar exclusivamente ao samba, trabalhou como vendedor, vitrinista e na Caixa Econômica Federal.

Começou a compor no Bloco Labaredas do Méier, que desfilou em vários carnavais com sambas de sua autoria. Em 1970, teve seu primeiro samba gravado (Corrente de Aço) por Elisete Cardoso. Seu principal parceiro é Paulo César Pinheiro e a principal intérprete de suas composições, Clara Nunes.

Integrou a Ala de Compositores da Portela durante muitos anos e, mais tarde, juntou-se ao grupo de dissidentes que fundou a Escola de Samba Tradição.

Em 1979, como reação à invasão da discoteca e da música internacional, fundou o Clube do Samba, reunindo compositores, músicos, jornalistas e amantes da música brasileira. O clube realizava pagodes no quintal da casa de João Nogueira no Méier, bailes na sede do Flamengo e um bloco de carnaval. O bloco desfila até hoje na Avenida Rio Branco.

João gravou um total de 18 discos e morreu de enfarto no ano 2000.

Abaixo, vídeos históricos: a inauguração do Clube do Samba e o dia em que o Clube homenageou o mestre Cartola.


domingo, 9 de janeiro de 2011

Stanislaw, Haroldo e a Divina

Muitas pessoas creditam a Sérgio Porto, o famoso Stanislaw Ponte Preta, a criação do apelido “a Divina” para a cantora Elisete Cardoso. Além dele, o poeta Vinícius de Moraes já se auto-intitulou criador da alcunha.

Na verdade foi o ator principal da peça Orfeu da Conceição, de Tom e Vinícius, Haroldo Costa o primeiro a chamar Elisete de “Divina”.

Haroldo, além de ator, compositor e produtor cultural era muito amigo de Elisete e de Sérgio Porto. Era tão amigo de Sérgio Porto que, quando o cronista precisou viajar, pediu a Haroldo que escrevesse pra ele a coluna assinada por Stanilaw Ponte Preta no jornal Última Hora.

Durante o período em que escreveu a coluna, Haroldo Costa teve o cuidado de imitar muito bem o estilo de Sérgio Porto para que os leitores não percebessem a troca de redatores.

Enquanto escrevia a coluna, Haroldo recebeu a notícia da vitoriosa temporada de shows que Elisete Cardoso vinha realizando na boate Oásis em São Paulo. Ficou tão feliz com o êxito da amiga que resolveu inventar e publicar na coluna de Stanislaw que o sucesso fora tão grande que um grupo de pessoas apareceu na boate portando uma grande faixa com os dizeres “Elisete, a Divina”.

Estava então criada, no ano de 1956, a alcunha pela qual a cantora passou a ser conhecida até o final de sua vida. Apenas sete anos depois foi que Elisete Cardoso, restabeleceu a verdade quanto ao verdadeiro criador do apelido e, a partir daí, sempre que a pergunta era feita em alguma entrevista, Elisete respondia que o criador do apelido foi “Haroldo Costa, um crioulo muito bonito e meu grande amigo”.

No vídeo, Elizete Cardoso canta um de seus grandes sucessos "Naquela mesa", música escrita por Sérgio Bittencourt em homenagem ao pai, Jacob do Bandolim.