No início do século XX, a Festa da Penha era a segunda principal festa popular do Rio de Janeiro, perdendo apenas para o carnaval.
A festa iniciou-se no fim do Século XVIII, era organizada pela colônia portuguesa em comemoração a Natividade de Nossa Senhora e acontecia nos fins de semana do mês de outubro. Apesar da origem católica e de manter seu caráter religioso, aos poucos, foi incorporando elementos da cultura afro-brasileira.
Além das missas e dos pagamentos de promessas dos fiéis católicos, a Festa da Penha foi dando espaço para os praticantes do candomblé, para as barracas de comida e bebida das famosas baianas da Cidade Nova (Tia Ciata entre elas), para as rodas de capoeira, de choro e, obviamente, para o samba. Tornando-se um dos principais pontos de encontro dos cariocas e um espaço de convívio de todas as classes sociais.
Os sambistas organizavam suas rodas em volta das barracas das tias baianas e, com o tempo, a festa foi se tornando um espaço de lançamento e afirmação de músicos e compositores. A Penha virou uma vitrine e, ao mesmo tempo, uma prévia do carnaval.
Concursos de música popular passaram a ser organizados para que novas músicas fossem lançadas e conhecidas pelo grande público. Um desses concursos gerou grande polêmica e rivalidade entre os compositores Caninha e Sinhô (dois dos pioneiros do samba). Sinhô, famoso por sua vaidade, não aceitou a derrota de sua música para a marcha “Me sinto mal” de Caninha. A rivalidade durou até a morte do “Rei do Samba”.
Outro célebre sambista, Heitor dos Prazeres, declarou o seguinte sobre a festa: “Naquele tempo não tinha rádio, a gente ia lançar música na Festa da Penha, a gente ficava tranqüilo quando a música era divulgada lá, que aí estava bem, que era o grande centro. Eu fiquei conhecido a partir da Festa da Penha.”
O final da década de 20 do século passado marca o término dos dias de glória desse importante evento popular.
Abaixo uma foto, tirada em 1912, que mostra o encontro de músicos e compositores na Festa da Penha. Uma curiosidade: na foto estão o violonista João Pernambuco, Patrício Teixeira, Pixinguinha e Caninha.
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