A História de uma das músicas mais conhecidas e bonitas do mestre Cartola começa, curiosamente, fora do Brasil, em um encontro entre dois brasileiros na Alemanha.
Nuno Veloso, amigo e parceiro de Cartola, encontrou o violonista Baden Powell e combinou uma visita quando ambos voltassem ao Brasil. O encontro ocorreria na casa de Baden na Barra da Tijuca.
De volta ao Brasil, Nuno procurou Cartola e Dona Zica para que o casal o acompanhasse na visita ao famoso violonista. Os três rodaram por horas e não conseguiram encontrar a casa de Baden Powell.
Para desculpar-se do fiasco e fazer um agrado à Zica, Nuno passou por uma floricultura e comprou-lhe umas mudas de roseira.
As mudas foram plantadas no jardim da casa de Cartola e Zica e, tempos depois, Zica ficou surpresa com a quantidade de rosas desabrochadas, perguntando à Cartola:
- Cartola, vem ver! Por que é que nasceu tanta rosa assim?
- Não sei Zica, as rosas não falam.
Cartola ficou com a frase na cabeça, pegou o violão e a canção nasceu inteira.
Tal fato aconteceu às vésperas do mestre completar 67 anos. Cartola disse que “As rosas não falam” foi o presente que deu a si mesmo naquele ano.
Em seguida, a música em sua versão original, lançada no segundo disco de Cartola. Leiam também a biografia escrita por Marília Barboza da Silva e Arthur de Oliveira Filho.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Monarco da Portela
“Se eu for falar do poeta, hoje eu não vou terminar...”
Parafraseando o próprio homenageado, assim terminava o samba de 2005 da Unidos do Jacarezinho cujo enredo enaltecia o compositor Monarco.
Lembro com carinho de lotarmos um ônibus para torcer pelo samba enredo composto pelos então companheiros de roda de samba Barbeirinho do Jacarezinho e Baianinho do Pandeiro (Gilson Bernini também está na parceria), que saiu vitorioso na grande final e foi cantado na avenida naquele ano.
Há muito a falar de Hildemar Diniz, que recebeu o apelido de Monarco ainda menino, aos seis anos de idade.
Nasceu em Cavalcante e foi criado em Oswaldo Cruz (Berço da Azul e Branco), onde desde muito cedo foi seduzido pelas rodas de samba que lá ocorriam. Ainda em Cavalcante, Monarco ouvia falar de Paulo da Portela e seus sambas e quando se mudou quis logo saber onde ficava a Portela.
Aos 11 anos, começou a compor sambas para blocos do subúrbio. Faz parte da ala de compositores da Portela desde 1950, tendo como padrinho e grande incentivador o compositor Alcides Malandro Histórico, um de seus principais parceiros. (Um parênteses: a curiosa alcunha, Malandro Histórico, deve-se à espetacular memória de Alcides para recuperar histórias e sambas dos bambas do passado.) Atuou também como Diretor de Harmonia da Escola.
Monarco estudou até o terceiro ano primário e trabalhou como feirante, contínuo e guardador de carros.
Na década de 60, saiu da Portela e foi para a Unidos do Jacarezinho. Lá, ficou alguns anos, compôs alguns sambas e voltou para sua Portela onde está até hoje.
Além de compositor e cantor, toca cavaquinho e percussão.
Monarco é hoje figura de destaque e líder da Velha Guarda da Portela, posição que assumiu após o falecimento de Manacéia. Seus sambas fizeram e fazem sucesso na voz de cantores como Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Martinho da Vila e Zeca Pagodinho. Sérgio Cabral já o chamou de historiador do samba por citar histórias e personagens da Portela e de outras Escolas em suas composições. Sua voz grave é uma de suas marcas registradas.
Em 2004 foi lançada sua biografia pela série Perfis do Rio, escrita por Henrique Cazes. Em 2005, foi enredo da G.R.E.S. Unidos do Jacarezinho e ganhou a medalha Pedro Ernesto, homenagem concedida pela câmara de vereadores do Rio de Janeiro.
Monarco é pai de Mauro Diniz (grande arranjador e um dos principais cavaquinistas do Brasil) e Marquinhos Diniz (integrante do Trio Calafrio e autor de vários sucessos) e avô de Juliana Diniz (atriz e cantora).
São de sua autoria: Lenço, Tudo menos amor, O quitandeiro, Passado de Glória, Coração em desalinho, Vai vadiar, entre muitas outras.
Velha Guarda da Portela em DVD de Zeca Pagodinho cantando sucesso de Monarco (2006).
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